Com o desenvolvimento econômico e o aumento de grandes empresas de capital aberto, a auditoria contábil se tornou essencial. Ela permite mostrar para investidores e acionistas quão transparente e segura é a empresa em que estão aplicando seu capital.

Sabe-se que as relações econômicas envolvem credores e devedores, e para salvaguardar o interesse de ambos, as informações divulgadas devem ser validadas a fim de manter a confiabilidade das negociações. 

No cenário nacional, as Normas Brasileiras de Contabilidade (NBC) direcionam e definem as regras de conduta dos auditores e do processo de auditoria no país. Com o objetivo de emitir relatórios sobre a adequação dos termos aplicados, o auditor deve planejar seu trabalho conforme as Normas Profissionais de Auditor Independente.

Conceitos e objetivos da auditoria 

Conforme as Normas de Auditoria Independente das Demonstrações Contábeis (NBC T 11), a auditoria contábil é caracterizada pelo conjunto de procedimentos técnicos que tem como objetivo a emissão de relatório sobre a adequação das demonstrações contábeis auditadas.

Espera-se de um auditor contábil conhecimento sobre a atividade econômica da entidade em que está realizando a auditoria contábil, para, assim, dispor da capacidade de julgar a relevância dos eventos e a extensão dos procedimentos a serem aplicados.

O que é auditoria

A auditoria é um conjunto de ações ー coleta de informações, inspeções, exames de documentos (registros e de livros contábeis) ー que tem relação com o controle do patrimônio auditado. É realizada nos mais diversos setores e tem como meta diferentes objetivos ou certificações.

Quem precisa de auditoria

Precisam ser auditados bancos e instituições financeiras, bem como empresas de grande porte sem capital aberto, segundo a lei Nº 11.638/2007. Já as que possuem capital aberto, são obrigadas a realizar auditorias anuais. 

Técnicas e procedimentos de auditoria

O trabalho de auditor classifica-se basicamente como uma revisão das práticas adotadas e informações divulgadas em demonstrações contábeis financeiras por parte da entidade. Desse modo, devido ao extenso escopo e movimentações de algumas entidades, é possível auditar a totalidade das transações.

Nesse contexto, a organização de seu trabalho considera a materialidade das informações apresentadas, limitando seus testes por relevância e amostras a serem validadas.

Uma vez definida as áreas relevantes e as amostras de testes, são aplicados os procedimentos de auditoria, que nada mais é do que um conjunto de técnicas que permitem a obtenção de evidências para fundamentar a opinião do auditor. 

A principal finalidade de uma auditoria contábil é averiguar a exatidão dos registros contábeis e todos os elementos de controle do patrimônio de uma empresa.

Os procedimentos são divididos em dois testes.

Testes de Observância

Tem o objetivo de averiguar se os controles internos propostos pela administração da entidade são coerentes e se estão sendo postos em prática.

Testes Substantivos

Estão ligados à validação por meio da exatidão dos dados produzidos pelo sistema contábil da entidade, subdividindo-se em testes de transações e saldos e procedimentos de revisão analítica.

Veja quais são os principais procedimentos da auditoria contábil por meio de testes substantivos:

  • Contagem física (chamado também de inventário);
  • Confirmação com terceiros;
  • Conferência de cálculos;
  • Inspeção de documentos;
  • Observação;
  • Reexecução;
  • Procedimentos analíticos;
  • Indagação.

Revisão de controle interno 

A prática de controle interno nas entidades tem por objetivo fundamental a prevenção de erros e fraudes. Vale ressaltar que o sistema de controle é de responsabilidade da administração da empresa, estando o auditor submetido a análises, de modo a propor sugestões objetivas para o seu aprimoramento, a partir de constatações feitas no decorrer do seu trabalho.

O controle interno é um conjunto de procedimentos, métodos ou rotinas que tem o objetivo de proteger os ativos, produzir dados contábeis confiáveis e ajudar a administração na condução ordenada dos negócios da empresa.

Também auxilia a verificar a exatidão e fidedignidade de seus dados contábeis, a promover a eficiência operacional e encorajar a adesão à política traçada pela administração. 

Esse sistema está dividido em:

Controles Contábeis

Compreendem o plano de organização e todos os métodos e procedimentos relacionados com a salvaguarda do patrimônio e propriedade de registros contábeis. Listamos alguns exemplos:

  • Sistemas de conferência, aprovação e autorização;
  • Segregação de funções (pessoas que têm acesso aos registros contábeis não podem custodiar ativos da empresa);
  • Composição de contas contábeis;
  • Arquivamento de documentos que comprovam as transações registradas pela Contabilidade;
  • Controle físico sobre ativos;
  • Auditoria interna. 

Controles Administrativos

Compreendem o plano de organização, métodos e procedimentos relacionados à eficiência das operações voltadas para a política de negócios da empresa e, indiretamente, para os registros financeiros. Veja alguns exemplos:

  • Análises estatísticas de lucratividade por linha de produtos;
  • Controle de qualidade;
  • Treinamento de pessoal;
  • Estudos de tempos e movimentos;
  • Análise das variações entre os valores orçados e incorridos;
  • Controle dos compromissos assumidos, mas ainda não realizados economicamente.

A implantação de controle interno promove maior credibilidade à entidade executora, uma vez que manuais e práticas previamente organizados são instalados. Contudo, como todo e qualquer sistema é passível de erros, cabe ao auditor realizar atividades sobre este.

Em 1985, foi criado um comitê para prevenção de fraudes nos procedimentos e processos internos da empresa, o COSO (Committee of Sponsoring Organizations of the Treadway Commission). Ele é responsável pelo estudo dos fatores que geram relatórios fraudulentos, bem como a elaboração de recomendações para companhias abertas e seus auditores independentes.

A prática de controle vem ganhando espaço nas políticas internas das entidades, apresentando-se como uma oportunidade de negócio para contadores. A seguir estão listados os princípios fundamentais dessa natureza de trabalho:

a) Responsabilidade: as atribuições dos funcionários devem ser adequadamente definidas e limitadas;

b) Rotinas internas: através de manual, a empresa deve definir toda a sua rotina;

c) Acesso aos ativos: a empresa deve limitar o acesso dos seus funcionários, estabelecendo controles físicos;

d) Segregação de funções: a mesma pessoa não pode ter acesso aos ativos e aos registros contábeis;

e) Confronto dos ativos com os registros: estabelecimento de controles para que os ativos sejam periodicamente confrontados com registros;

f) Amarrações do sistema: o sistema de controle interno deve ser concebido de maneira que sejam registradas apenas as transações autorizadas, por seus valores corretos e dentro do período de competência;

g) Auditoria interna: verificação periódica do cumprimento do que foi determinado;

h) Custo x benefício: o custo do controle interno não deve exceder seu benefício;

i) Limitações do controle interno: esses limites relacionam-se, basicamente, à existência de conluio de funcionários, funcionários não instruídos adequadamente sobre as normas internas, e, por fim, funcionários negligentes. 

Papéis de trabalho

Na auditoria contábil, o auditor deve colher elementos comprobatórios suficientes para apoiar o seu relatório sobre as demonstrações contábeis, como: balanço patrimonial, demonstração do resultado do exercício, das mutações do patrimônio líquido, dos fluxos de caixa, do valor adicionado e notas explicativas. 

Com a finalidade de atender a essa norma, os auditores elaboram papéis de trabalhos que representam o registro de todas as evidências obtidas ao longo do serviço de auditoria.

Após o término do trabalho, revisam-se os papéis para garantir que o serviço foi executado conforme o previsto em norma. Ao revisá-los, o auditor assume a responsabilidade de que foram cumpridas as normas e que o objetivo do trabalho foi alcançado.

Vamos para a prática? Se você tem curiosidade de ingressar nessa área, ou iniciar a prestação desse tipo de serviço, é interessante que já comece o processo de treinamento. Como auditor contábil, é indicado sempre as análises relativas às contas de resultado de uma organização. 

Testes de receitas, despesas e custos

O teste dessas transações consiste em o auditor verificar se os valores foram registrados no regime de competência, se foram aprovados, se correspondem aos negócios da companhia, se existe documentação suportando a operação e se a classificação contábil foi adequada. 

Adicionalmente as receitas são testadas para subavaliação, ou seja, o auditor parte do documento para a razão geral, enquanto as despesas e os custos são auditados para a superavaliação, o que significa que o auditor deve partir da razão geral para o documento (Almeida, 2012). 

Testes das Receitas

Os testes relativos às contas de receitas são definidos com base na natureza da transação que gerou esse benefício à entidade. Diante disso, a forma como o auditor irá aplicar seus procedimentos varia. 

Por exemplo, ao auditar as receitas de empresas de construção civil, é indispensável a análise de boletins de medição de obras, orçamentos etc. De forma geral, são solicitados os documentos que formalizam e comprovam a ocorrência da movimentação (notas fiscais, relatórios de faturamento, boletos emitidos). Analisa-se o processo de contabilização e o somatório dos valores relacionados.

Testes das Despesas e dos Custos

Para auditar-se esses dois grupos de conta, deve ocorrer uma segregação entre os dois grupos contábeis, que já vêm definidos na estrutura da Demonstração do Resultado. 

Posterior à fase de análise, é salutar que o auditor avalie:

  • Despesas que possuem material relevante com as contas do balanço patrimonial;
  • Os controles e registros das aquisições de matérias-primas e serviços;
  • A formação do custo de vendas;
  • A composição tributária da organização, assim como a sua conformidade às leis tributárias do país;
  • Os registros contábeis de folha de pagamento;
  • Outras despesas e gastos gerais que apresentarem materialidade e relevância. 

Procedimentos de auditoria

Para a auditoria de aquisição de matérias-primas e serviços é relevante que o profissional busque conferir o valor selecionado no registro na documentação comprobatória, atentando-se para a autenticidade do documento; conferir a nota fiscal do fornecedor, juntamente a sua cotação, a fim de evidenciar se o menor preço foi o escolhido; verificar adequação contábil do registro; verificar se os encargos registrados na nota correspondem a transação e seus valores devidamente calculados.

Os custos de vendas estão interligados às movimentações ocorridas nas contas de estoque. Sendo assim, definimos que as entradas e os saldos inicial e final dos estoques são testados diretamente para superavaliação e indiretamente para subavaliação, por ocasião da auditoria em outras contas do balanço patrimonial e demonstração do resultado do exercício.

Com o intuito de averiguar a fidedignidade dos saldos apresentados acerca das despesas com tributos, é relevante aplicar os seguintes procedimentos de auditoria:

  • Verificar se estão de acordo com a legislação vigente;
  • Conferência dos cálculos;
  • Verificar escrituração nos livros fiscais, quando aplicável;
  • Inspecionar guias quitadas. 

‍Inclua na rotina da empresa

A importância da auditoria contábil para a credibilidade das empresas é notória. À medida que as organizações crescem, mais responsabilidades elas acumulam, não só com seus clientes, mas com investidores e acionistas.

Incluir a auditoria na rotina da empresa é crucial para prevenir desvios e prejuízos ao longo do caminho e continuar tendo uma boa imagem.

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Fonte: blog.omie

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